Conversa com Deus

Um homem sentado em um banco de praça

Era uma manhã de segunda-feira, quando Bartolomeu saiu para buscar trabalho. Ainda o sol não havia nascido e ele já estava na parada de ônibus, esperando a sua condução, visto que vivia retirado do centro da cidade. Depois de mais de 1 hora de espera, foi alertado por um passante que devido a uma greve, o ônibus não passaria naquele dia. Bartolomeu então, decidiu ir a pé até o centro. Já estava andando por mais de 2 horas, quando começou a chover, uma chuva forte e ele ficou completamente molhado. Ainda assim, ele seguiu adiante e andou por mais 1 hora, até chegar ao centro da cidade. Começou a ir de loja em loja, negócio em negócio, verificar se havia alguma vaga, mas ninguém dava atenção a alguém tão sujo e molhado como ele estava. Quando já eram quase 3 horas da tarde, Bartolomeu, já cansado e com fome, sentou-se em um banco de praça e embora não conhecesse muito a Deus, orou assim:

“Senhor, eu não sei se você existe realmente. Também não sei se importa com a minha vida, como alguns falam por aí. Eu acho que sou uma boa pessoa, nunca matei ou roubei, sou trabalhador, um pai dedicado, um esposo fiel. Mas já estou sem trabalho a 2 meses e as contas não param de chegar. Se você estiver aí, me ouvindo, eu quero dizer que estou disposto a fazer o que for, apenas me diga e eu farei.”

Ele ficou ali sentado naquele banco de praça esperando que algo acontecesse. Quando subitamente veio um pensamento a sua mente:

“O ônibus não passou, mas que ótimo que você tem pernas e saúde para andar”.

Aquele homem se espantou consigo mesmo. E disse em voz alta:

– “É você Deus? Mas é verdade, eu tenho pernas saudáveis, por isso pude chegar até aqui”.

E ficou pensando no quanto ele era saudável, sua esposa e filhos também. Deu-se conta de que não lembrava a última vez que adoeceu, ou que alguém na sua casa tivesse precisado de um médico. E decidiu agradecer a Deus pela saúde.

Alguns minutos mais tarde, ele teve outro pensamento, como se alguém sussurrasse no seu ouvido:

– “A chuva molhou e sujou você, não é? Mas as plantas e o campo estavam precisando muito dela”.

“Será assim que Deus fala com a gente?”, pensou ele.

Logo, ele lembrou que havia ouvido no rádio notícias sobre a seca e de como era importante que chovesse naquela semana. E então, agradeceu a Deus pela chuva.

Enquanto ainda agradecia, um novo pensamento invadiu sua mente, tão claro e forte, que ele pensou ter ouvido alguém dizer aquelas palavras:

“Você tem fome, não é? Seu pai muitas vezes foi dormir com fome, para que você e seus irmãos pudessem comer o único pão que havia conseguido trazer para casa”.

Lembrou-se então da infância pobre e de ver seu pai, sair de madrugada, tal como ele havia feito naquela manhã. Lembrou também que nunca havia dito um “obrigado papai”, mas que reclamava constantemente da pobreza e da escassez.  E decidiu naquele dia agradecer a Deus por todo esforço e dedicação do seu falecido pai. E chorou.

Enquanto chorava, lembrou que quando criança mentia constantemente para sua mãe. Que na adolescência, roubava as laranjas de uma casa no caminho da escola. Lembrou ainda, que em uma discussão na semana anterior, disse para sua esposa que era culpa dela e de suas orações inúteis que eles estavam naquela situação difícil. E chorou mais ainda quando lembrou que havia castigado severamente seu filho mais velho por ter derrubado um copo de leite no café da manhã. Deu-se conta então, que não era tão “bom” quanto ele pensava ser.

Naquele mesmo instante, Bartolomeu deu-se conta de que não estava sozinho sentado naquele banco de praça. Ele percebeu que o tempo todo, Deus esteve ali, sentado ao seu lado. E que acabava de ter tido a melhor “conversa com Deus” de toda a sua vida. E decidiu entregar sua vida a Jesus, naquele mesmo momento, sentado, naquele banco de praça. Ele disse:

“Deus eu não sei muito bem como é isso, mas sei, porque minha esposa me falou muitas vezes, que tenho que entregar minha vida a Jesus. Então Jesus, minha vida é sua. Amém”.

Levantou-se dali e já começava a pensar em voltar para casa, quando avistou o seu antigo patrão, o Sr. Rubem se aproximar como quem quisesse conversar:

– “Bartolomeu, eu estava mesmo procurando você. Eu acho que você não vai acreditar, mas eu estava sentado na minha casa e parece que uma voz me dizia, ‘Ruben, vai na praça que o Bartolomeu tá lá e precisa falar contigo’.

– “Ué? Como assim patrão?

– “Então Bartolomeu, é muito estranho. E mais ainda eu vir na praça e você tá aqui mesmo. Então fala logo porque você ta aqui e eu acho que a gente descobre esse mistério”.

 – “Pois patrão, eu vim procurar trabalho. Desde que o senhor me mandou embora eu não consegui mais arrumar trabalho nenhum.”, explicou Bartolomeu com sinceridade.

– “Bartolomeu, eu te expliquei quando te mandei embora, que foi porque a colheita não tinha sido boa. Mas com a chuva de hoje e a previsão de mais chuva nos próximos dias, a coisa deve melhorar. E o que aconteceu hoje foi muito estranho, então algo me diz que eu tenho que contratar você de novo. Então, tá contratado”.

Bartolomeu não cabia em si de alegria, quando caminhava de regresso a sua casa.

Lembrou então de um versículo que sua esposa repetia sempre: “Eu te conhecia só de ouvir falar. Mas agora eu te vejo com os meus olhos”.

Então pensou: “Senhor, agora eu te vejo”.


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